terça-feira, 22 de junho de 2010

Verborragia ou Carne de minha pernaaaaaa!!!!!!

Então... cheguei em casa ainda pulsando muito depois da aula... meu cérebro parece mais a cauda de um espermatozóide! huahuahuahuahauhaua!
Para dar nome aos bois: isso que fizemos hoje é um tipo de abordagem de conhecimento do corpo (não vamos perder de vista que quando dizemos "o corpo" isso é "nós mesmos") e do movimento chamado Body Mind Centering (BMC), ou seja, Centramento de Mente e Corpo. Guardadas ressalvas dessa dicotomia mente/corpo no enunciado desse sistema iniciado pela norte americana Bonnie Cohen (http://www.bodymindcentering.com/), o que interessa a ela é também essa perspectiva evolucionista, do ponto de vista das nossas histórias individuais (e coletivas) de evolução, ou seja, do indivíduo - esse cara que faz uma dança enorme e muita ginástica para existir, que passa bons meses deitado, se embalando, descobrindo os membros, a visão, etc, etc... que se senta, lida com esse peso esquisito da cabeça, balança, cai, engatinha até andar. Essa aula, em específico, é um cola (um plágio mesmo) do curso fantástico que fiz no c-e-m (centro em movimento) em Lisboa, em novembro de 2008. O curso foi ministrado pela diretora do c-e-m, Sofia Neuparth. http://www.c-e-m.org/
Minha intenção em trazer esse trabalho - que ao meu ver não é reducionista, mas como as coisas do mundo que queremos comunicar, recortamos, delimitamos (sempre de forma dinâmica, ou pelo menos, sempre tentando) - minha intenção foi a de experimentar com a turma uma alternativa de perspectiva de corpo(pessoa) e movimento. Desconfio que há mais do que ossos, músculos e tendões implicados no ato de dançar. 
Mas para seguir mais caminhos da historinha com a qual nos divertimos muito 
no fim da aula (pelo menos eu me diverti!), essa coisa-Mariella-e-as-coisas-dela continua uma dança que leva em média 9 meses até que ela mude drasticamente de ambiente, ou seja, até que ela saia de dentro do corpo da mãe e respire o ar do mundo. Depois disso a dança não cessa (quando a música pára, também não paramos de dançar, né?). Isso tudo continua dançando com a gente, na gente, quer dizer, a gente mesmo dançando existir. (tá bem poético, né?) Pois é... mas tem um tempo em que a coisa-Mariella-e-as-coisas-dela vai tomando jeito de gente, jeito de células... tem um ponto nessa história que me interessa muitíssimo: o que dizemos ser, em determinado estágio do embrião, uma célula óssea, nervosa, capitar, 
complexo de golgi, mitocôndria, etc, etc... seria melhor dizer que a coisa 
ESTÁ uma célula óssea, nervosa, capitar, complexo de golgi, mitocôndria, etc, etc... Porque tá tudo transitando, de um lugar para outro, atravessando membranas, se compactando, expandindo, achatanto, arredondando, encaracolando, aminhocando, dividindo, juntando, ando, ando, ando....
Nosso esqueleto é um esqueleto de adulto (ou seja, chegou ao auge a sua formação) quando temos mais ou menos 25 anos (hehehehehe, então vários de vcs ainda não são adultos!!! huahuahauauha, pelo menos não esqueleticamente!). E aí, depois, esses ossos e tudo mais vai perdendo líquido (água) e isso é envelhecer! e isso é movimento! e isso quer dizer que nem quando morremos paramos, porque ainda há o decompor-se e por aí vai! 
Mas pegando esse gancho dos ossos, tem uma peculiaridade sobre a formação deles: o fêmur tem um tipo de desenvolvimento, digamos assim.., "planejado": ele forma um desenho de fêmur com a cartilagem, assim que essa forma estiver pronta (ou seja, o mapa ou a planta do fêmur), essa cartilagem começa a se calcificar e virar o osso mesmo. 
Agora tem um outro tipo de osso que se forma como as escápulas: elas são aglomerados de cálcio que vão se juntando desordenadamente e quando se dão conta já são escápulas! Fazendo um salto imaginativo com duas piruetas, eu penso: parece que isso também tem a ver com nossos modos de construir o pensamento. Percebo que eu tendo a ser mais como as escápulas e como preciso aprender mais com os fêmurs!
Vou me aproximando (até que enfim!) do meu herói! Que é o cara a quem eu dedico os meus experimentos sem nenhum caráter, que já se contaminaram do louro platinado do meu querido Fernando Lopes, então são os nossos experimentos sem nenhum caráter e o nosso herói, né Fer?! Agora, o nosso herói, Macunaíma, não é um, são trezentos! Tão sem caráter quanto essas coisas-do-corpo-não-especializadas, que saem trocando de lugar, função, caráter…. Louca louca como as escápulas!
Eu já mandei pra vcs alguns textos sobre o trabalho que venho fazendo. Só ainda não tivemos chance de compartilhar as bigs contribuições do Fernando. Ele é um cara muito sem caráter, que reinventou essa história toda comigo, que se pergunta se isso pode não ser dança?! Os experimentos (os que já aconteceram e os que estão por acontecer) tendem a não ter caráter também e é nesse sentido que a chegadinha de Fernandinho me cutuca pra complexificar essa história. Dada a largada, eu prometo (mas não sei se consigo cumprir) ser menos fominha, tá Fer?!
Continuando no problema da minha verborragia incontrolável, peço muito insistentemente que vocês não poupem vossas generosidades conosco! Que escrevam na nossa roda de reflexão virtual, que sejam generosos para botar nessa sopa as questões, trabalhos, conexões, pirações de vocês. Espero degustar de vossos tempêros e ingredientes!

Beijos na bunda e até segunda!

Obs: nem tudo o que eu falei aqui e na aula é verdade e nem cientificamente comprovadíssimo não, viu? É que tem uma hora que o fluxo da história é mais importante que a veracidade dela. Aí, para quem for mais curioso, pode pesquisar melhor e faça o favor de me contar onde foi que eu inventei, tá?!

Obs2: esse texto foi feito logo após o laboratório de corpo e criação do curso de licenciatura em dança da ufba, no dia em que eu orientei o laboratório.

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