segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
pensando em criação e protocolos...
terça-feira, 22 de junho de 2010
Verborragia ou Carne de minha pernaaaaaa!!!!!!
no fim da aula (pelo menos eu me diverti!), essa coisa-Mariella-e-as-coisas-dela continua uma dança que leva em média 9 meses até que ela mude drasticamente de ambiente, ou seja, até que ela saia de dentro do corpo da mãe e respire o ar do mundo. Depois disso a dança não cessa (quando a música pára, também não paramos de dançar, né?). Isso tudo continua dançando com a gente, na gente, quer dizer, a gente mesmo dançando existir. (tá bem poético, né?) Pois é... mas tem um tempo em que a coisa-Mariella-e-as-coisas-dela vai tomando jeito de gente, jeito de células... tem um ponto nessa história que me interessa muitíssimo: o que dizemos ser, em determinado estágio do embrião, uma célula óssea, nervosa, capitar,
complexo de golgi, mitocôndria, etc, etc... seria melhor dizer que a coisa
ESTÁ uma célula óssea, nervosa, capitar, complexo de golgi, mitocôndria, etc, etc... Porque tá tudo transitando, de um lugar para outro, atravessando membranas, se compactando, expandindo, achatanto, arredondando, encaracolando, aminhocando, dividindo, juntando, ando, ando, ando....
Agora tem um outro tipo de osso que se forma como as escápulas: elas são aglomerados de cálcio que vão se juntando desordenadamente e quando se dão conta já são escápulas! Fazendo um salto imaginativo com duas piruetas, eu penso: parece que isso também tem a ver com nossos modos de construir o pensamento. Percebo que eu tendo a ser mais como as escápulas e como preciso aprender mais com os fêmurs!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
os bairros flutuantes do Amazonas...
aí vai um link para um blog que fiz para escrever um diário sobre minha primeira viagem à Amazônia:
http://pobeatriz.multiply.com/journal
Muitas das questões acerca do herói e do "sem nenhum caráter" passearam por esses textos...
obs: está sendo ultra-divertida essa incursão no processo do herói!!!!
Manaus, 2007
Casa Hoffmann - Curitiba 2007
Inicialmente, a proposta era chamada de "Tronchorô", mas depois optei pelo títulografismo }{.
Meu foco investigativo era os estados corporais entre os estímulos do choro e do riso, mas isso levou para tantos lugares que não me apeteciam ser nomeados com palavras... talvez por ignorância ou covardia, talvez por coerência... quem sabe?
domingo, 23 de maio de 2010
1º espaço experimental no c-e-m, Lisboa 2008
Retropespectivando...
www.percursando.blogspot.com
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
Feedback de Cacá Nadai pós ensaio (semi-aberto)
Bom dia Paulinha, Estava pensando em seu trabalho, e queria lhe dizer mais algumas coisas, ou repetir algumas anotações pra você...Em primeiro lugar agradecer o convite pelo ensaio 'semi aberto'. Acredito que a gente sente quando um trabalho é bom quando volta pra casa e de vez enquando ele surge como imagem, ideia, ou seja, continua a reverberar em nossos corpos... e sinto isso em seu processo, sua dança. O estranho que se constrói progressivamente passa a ser algo natural, a forma grotesca teve pra mim um sentido tão irônico, que por hora nos sentimos (platéia) grotescos ao te ver, porque o rizível está invertido...não rimos de você, mas você ri de nós. E nesse momento deixa de ser grotesca. Esse entre de sensações e imagens que você conseguiu fazer emergir, é muito interessante. Penso que diferente do alguns colegas disseram, você não tenta traduzir Macunaíma algum... Você cria o macunaíma que lhe é possível, construindo características do herói sem carater que seu corpo é capaz de organizar, entende o seu, suas possibilidades...e a partir dela desdobra e faz surgir as tantas imagens que comentamos (homem, índia, mulherm coisa, bicho, pomba gira....) Parabéns! Bjs Cacá |
terça-feira, 18 de maio de 2010
Experimento – corpo s/ papel
Ficha técnica
Performer criadora| Paula Carneiro Dias
Trilha sonora| Paula Carneiro Dias, com colaboração de Mateus Dantas
Iluminação e colaboração cênica| Aldren Lincoln
Colaboração| Fernando Lopes, Sandra Corradini, Mateus Dantas, Tiago Ribeiro, Cacá Nadai, Laura Pacheco, Gilsamara Moura, Giltanei Amorin, Lenira Rengel, Lela Queiroz
Para o herói: experimentos sem nenhum caráter - fluidos s/ TV e corpo s/ papel
“Para o herói: experimentos sem nenhum caráter” é dedicado a Macunaíma, o herói de nossa gente, portanto, um “herói sem nenhum caráter”. Um brasileiro.
O caráter ao qual se refere Mário de Andrade[1] vem de característica. Macunaíma, como “legítimo” herói brasileiro, não tem nenhuma característica. Mas não podemos perder de vista as inúmeras e deliciosas provocações de Mário, pois antes que algum patrício possa assuntar, Macunaíma não é nenhum ser neutro não, gente! Macunaíma é atravessado por uma imundície de caráteres. Mas tantos, que se torna “sem nenhum caráter”. Mário propõe uma brincadeira antropogáfica para engolir e sangrar as idéias de identidade nacional, legitimidade, moralidade. Macunaíma perverte essa coisarada toda, com muito erotismo. Juque!
Eu sou ele também. Li Macunaíma pela primeira vez na escola. Nessa época, isso foi uma surra-mãe. Me sentia apanhando mesmo do livro, como se ele riscasse a faca no chão e me intimasse para a peleja. Poucos anos depois, comprei um exemplar num sebo, que me faria companhia intermitente até hoje. Então me foi crescendo um amor pelo herói – ele que também é mau-caráter.
Sou campo grandense, mandioqueira, filha de paulista com curitibana. Passei a infância no Mato Grosso do Sul, a adolescência no Paraná, morei por 6 meses em Londres, quando tinha 13 anos, e tempos depois me piquei pra Bahia para agarrar a arte como profissão depois de ter estudado turismo e ciências sociais.
Me interesso pelo corpo que passeia por gentes, bichos, máquinas, sotaques mestiços, as aventuras da mestiçagem – que os brasileiros somos experts.
Em “Para o herói: experimentos sem nenhum caráter – fluidos s/ TV” me visto como uma piriguete, com a minha cara de francesinha. Me sento ao lado da TV, chupo uma bala garoto, babo e choro lágrimas de colírio sobre a imagem de minha cara inchada de choro, que está coberta por um papel de seda branco. À medida que a baba e o choro escorrem pelo papel, a imagem vai se revelando. Até que a acaricio e o papel, já completamente molhado, gruda na TV e a imagem se torna mais nítida. A minha cara de choro na TV esboça um sorriso. Me interessa essa imagem porque ela me desafia: não me mostro assim para os outros, não é exatamente como as pessoas me identificam. Com essa cara pavorosa e deprimente vou crescendo um sorriso – sem caráter! – como a lágrima de colírio e as flores de plástico ao lado da TV. Sem caráter como a minha roupa de piriguete chupando bala garoto para conseguir babar mais.
Em “Para o herói: experimentos sem nenhum caráter – corpo s/ papel” existem outros tipos de operação. Criei uma imagem inicial muito limpa: um papel branco, de mais ou menos 5m, estendido no chão, sobre ele, trechos de Macunaíma escritos em carvão e eu deitada, vestida de branco, terminando de escrever. Me dispo e, como mais um pedaço de papel branco, me deito ao final do papel. Aos poucos vou continuando a escrita, desta vez imprimindo o texto de carvão sobre meu corpo branco. Vou me sujando de carvão, de movimento e de estados corporais. Como um bicho máquina jacaré devoro o texto borrado até cair numa gargalhada silenciosa – com uma satisfa-mãe que só um herói pode ter!